18 de novembro de 2009

Passado amarelo!

Periódicos e obras raras apodrecem nas prateleiras da Biblioteca Pública!

A Biblioteca Pública de Santa Catarina conjuga o verbo faltar. Basta um rápido passeio pelo prédio de três andares, localizado no Centro de Florianópolis, para constatar que a instituição de 155 anos sofre com falta de espaço, falta de climatização, falta de funcionários, falta de indexação de periódicos, falta de digitalização do acervo e, para completar, falta segurança. Mas sobram informação, relíquias da literatura e boa vontade dos bibliotecários.

O primeiro e o segundo andar têm fácil acesso. É onde estão as obras didáticas (setor bastante requisitado por candidatos de concursos públicos), o acervo em braile, livros de literatura, jornais do dia e revistas da semana. No terceiro andar, o quadro é desolador. Mais de 18 mil exemplares de todos os jornais que já circularam por Santa Catarina desde 1854 estão em deterioração.

Imagens do acervo da Biblioteca Pública do Estado.
– É um acervo raro. Não existe em lugar nenhum – diz Élia Mara Magalhães Brites, administradora da Biblioteca Pública. Os jornais estão comprometidos pela ação do tempo, agravada pelas condições inadequadas do prédio.
No andar que abriga a hemeroteca (coleções de jornais, revistas, periódicos e recortes de textos veiculados em diversos tipos de mídias) e o setor de obras raras, o clima se altera entre a umidade do inverno com a elevada temperatura do verão.
O resultado é a proliferação de microorganismos que aumentam a acidez do papel e amarelam as páginas rasgadas pelo manuseio descuidado ou pelo acondicionamento inadequado. São jornais como o Argos, editado a partir de 1850, o mais antigo entre outros títulos que estão guardados. As prateleiras estão quase coladas umas às outras, e há pouca circulação de ar entre exemplares encadernados. No meio do acervo uma bacia junta a água que se infiltra em dias de chuva.
A indexação é outro problema. Pouca coisa está na base de dados e nada digitalizado. Para pesquisar, é preciso manusear originais, o que implica em mais desgaste as coleções. A boa memória dos funcionários é o melhor localizador do material.Quase sem investimentos oficiais a Biblioteca aceita doações de livros e de equipamentos. Praticamente todo o acervo veio da comunidade.
A administradora Élia Mara conta que a instituição recebeu do Tribunal de Justiça 16 prateleiras deslizantes. Só que surgiu um problema: o peso. São quatro toneladas de ferro.– Colocar todo este peso no terceiro andar poderia comprometer a estrutura do prédio – diz Élia Mara.
A Biblioteca está vinculada à Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e a presidente da instituição, Anita Pires, reconhece os problemas, mas diz que há luz no fim do túnel.
– No dia 20 será lançado um edital para contratação da empresa que fará uma reforma no prédiom, no valor de R$ 6 milhões – afirma Anita.

Qua, 18 de Novembro de 2009.
Jacqueline Iensen.

Fonte:
diario.com.br

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