30 de março de 2009

A longa caminhada do papel eletrônico!

Colunista destaca principais avanços na busca do dispositivo flexível que pode revolucionar a leitura.

Imagine-se sentado em um banco de praça, quando alguém ao seu lado retira de um fino canudo uma folha retrátil e transparente de tamanho A4. De repente, letras e imagens aparecem naquela folha, como se fosse uma página impressa. O contraste e a visibilidade das letras em diferentes ângulos lembram uma folha de papel. Isso ainda é uma cena de ficção. Você não encontra esse produto na loja da esquina, mas Epson, Fujitsu, HP, Hitachi, IBM, Kodak, Motorola, Philips, Pioneer, Samsung, Siemens, Sony e Xerox, para citar apenas empresas conhecidas do grande público, trabalham para que isso não demore a acontecer. O papel eletrônico – a folha transparente da cena imaginária – já existe em diversos produtos. Falta apenas ele aparecer no design imaginado acima e com um preço compatível com a renda de boa parte da população.

Um objeto semelhante a uma folha flexível, capaz de "carregar" diferentes configurações de textos e imagens? É isso o que promete o papel eletrônico, inovação que pode se tornar uma realidade muito antes do que você imagina (imagem: reprodução).

Nos laboratórios de pesquisa, os trabalhos que viabilizaram o papel eletrônico já têm uma longa história. Podemos dizer que a saga remonta aos anos 1950, quando propriedades elétricas foram descobertas em alguns polímeros e as primeiras imagens xerográficas foram obtidas com o processo conhecido como eletroforese. Na década seguinte, com a descoberta dos polímeros semicondutores, estava aberta a estrada para se chegar ao papel eletrônico. Mas a evolução da ciência e da tecnologia não é assim tão certinha. Tropeços metodológicos e estratégias comerciais entortaram o rumo dessa história.

Passados mais de 40 anos, ainda estamos à espera do papel eletrônico com as propriedades que teoricamente consideramos adequadas. E quais são essas propriedades? Para se assemelhar ao papel impresso em funcionalidade e disponibilidade, o papel eletrônico deve ter bom contraste, de modo a ser lido até na claridade da luz solar. Isso implica que as imagens deverão ser visualizadas por reflexão da luz e não por transmissão, como ocorre nas usuais telas de computadores e de televisores. É claro que isso não impede que um fabricante possa fazer um papel eletrônico que emita luz, mas essa não é a alternativa que está fazendo a cabeça da indústria. Assim como o papel convencional, de celulose, o eletrônico também deve ser flexível, de modo que possa ser encurvado e guardado em um canudo. Tem que apresentar baixo consumo de energia e, sobretudo, ter preço de venda compatível com o orçamento de grande parte da população. Ainda não se conseguiu um produto que atenda a todas essas exigências. Vejamos alguns dos caminhos seguidos pelos pesquisadores para chegar a elas.

Tinta e suporte

O papel eletrônico tem basicamente dois componentes: a tinta e o suporte flexível. A este associa-se o sistema eletrônico, capaz de imprimir e apagar texto e imagens. Cada um desses componentes é parte de uma grande área de pesquisa, agraciada com alguns prêmios Nobel pelo caminho. O principal modo de preparação da tinta eletrônica, por exemplo, utiliza a eletroforese, fenômeno cuja descoberta em 1937 valeu o Nobel de Química de 1948 ao sueco Arne Tiselius (1902-1971).

Antes de abordarmos os métodos atuais, vale a pena recordar a primeira ideia de uma tinta eletrônica. Ela foi inventada por Nicholas Sheridon em 1974, quando era pesquisador do Centro de Pesquisa da Xerox, em Palo Alto, naquela região da Califórnia conhecida como Vale do Silício. O processo foi batizado de Gyricon, palavra grega que significa “rotação de imagem”. Essencialmente o processo funciona assim: esferas de plástico microscópicas são fabricadas com um hemisfério pintado de branco e outro de preto. Cada um deles tem uma carga elétrica diferente – digamos que o hemisfério branco seja negativo, enquanto o preto é positivo. Milhares dessas esferas são dispersas em um líquido entre duas camadas de material flexível. Uma delas é necessariamente transparente.


Folha enrolada de Gyricon, papel eletrônico desenvolvido pelo Centro de Pesquisa da Xerox. O dispositivo foi batizado a partir da expressão grega que significa "rotação de imagem" (foto: Eugeni Pulido).

Se uma voltagem positiva for aplicada na camada transparente, as esferas giram e exibem o hemisfério negativo (branco). Letras e imagens são então produzidas com uma distribuição adequada de voltagens na camada transparente. O processo foi abandonado pela Xerox em dezembro de 2005, quando seus competidores avançavam na técnica de eletroforese. No processo de eletroforese, por sua vez, existem duas alternativas.

Na primeira, algumas esferas são brancas, enquanto outras são pretas. Esferas de uma cor são carregadas positivamente, e as outras, negativamente. Na segunda alternativa, apenas um tipo de esfera é disperso em um líquido colorido e que apresente um bom contraste com a cor das esferas – esferas brancas em um líquido azul, por exemplo. Em ambos os casos, a formação da imagem é similar ao processo do Gyricon: a distribuição de voltagens é que define a imagem. No caso de esferas brancas carregadas negativamente, uma voltagem positiva na superfície visível apresenta uma imagem branca, pois as esferas são atraídas pela voltagem.

No caso de uma voltagem negativa, elas são repelidas, e a imagem fica azul. Esse mecanismo é aplicado em cada ponto da imagem. Ou seja, cada pixel tem um conjunto de esferas e uma conexão ao sistema eletrônico. Vejamos um dos processos utilizados para formar cada pixel.

A tinta eletrônica do MIT

Esse método foi inventado por Joseph Jacobson e colaboradores, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), entre 1997 e 1998. Milhares de micropartículas com diâmetro em torno de 5 micrômetros, metade brancas e metade pretas, são encapsuladas numa esfera de material transparente, com diâmetro entre 30 e 300 micrômetros.

As micropartículas brancas podem ser obtidas com dióxido de titânio, e as pretas, com pigmentos inorgânicos. Cada espécie de micropartícula é carregada com um sinal diferente. Existem procedimentos químicos para evitar que haja atração entre as cargas de sinais contrários. Outra alternativa é usar um único tipo de partícula em um fluido dielétrico cuja cor contraste com a das micropartículas.

Milhares de cápsulas formando um líquido como uma tinta comum são fixadas em uma folha de polímero semicondutor. Uma vez fixada, a tinta é manipulada pelo sistema eletrônico para a formação de imagens. Antes de descrever o sistema eletrônico, convém adiantar que este é o principal responsável pela esperada popularização do papel eletrônico. A base polimérica permite a flexibilidade do papel, e o baixo custo de produção dos circuitos integrados redundará em produtos baratos.

A tinta eletrônica desenvolvida no MIT se baseia no princípio da eletroforese. O dispositivo conta com milhares de micropartículas esféricas de cor preta e branca, cada tipo carregada com um sinal diferente. Em função da carga elétrica aplicada, muda a disposição das microesferas na superfície do suporte flexível. O rearranjo dessas partículas permite formar diferentes textos e imagens (arte: Gerald Senarclens de Grancy).

O sistema eletrônico

Para a fabricação de circuitos integrados baseados no silício são necessários ambientes de alto vácuo, sofisticados e caros. No caso de polímeros semicondutores, filmes finos podem ser formados a partir de soluções líquidas, por intermédio de um processo de auto-organização em pressão atmosférica – uma espécie de impressão de jato de tinta. Embora simples, o processo não deixa de ter suas exigências em termos de precisão. Um circuito integrado é formado por milhares de transistores. Em cada um deles, existem partes ocupadas pelo elemento ativo – no caso, o polímero – e partes ocupadas por contatos elétricos passivos. Em transistores de polímeros, a distância entre alguns contatos é inferior a 5 micrômetros.

A deposição da solução polimérica no substrato do circuito deve ter resolução suficiente para não cobrir esses contatos. Ocorre que os processos mais simples de deposição não conseguem resolução inferior a 20 micrômetros. Isso é consequência da dificuldade de se controlar o fluxo e a tendência das gotas de polímero se esparramarem pela superfície do substrato. Uma solução interessante para restringir o espalhamento das gotas de polímero foi inventada por Henning Sirringhaus e colaboradores no Laboratório Cavendish, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), há menos de cinco anos. Eles simplesmente colocaram um produto hidrofóbico nas regiões proibidas. Como as gotas de polímero contêm água, elas não conseguem penetrar naquelas regiões hidrofóbicas.

Em escala de laboratório o avanço é extraordinário. A empresa americana E Ink Corporation tem contribuído significativamente para isso. Já em 2003 eles apresentaram, em associação com a Philips, um pequeno painel (12,7 centímetros na diagonal), utilizando a tinta eletrônica do MIT. Dois anos depois eles apresentaram o primeiro protótipo no tamanho de uma folha A4. Esse protótipo usa 100 vezes menos energia do que um monitor de cristal líquido convencional. A razão – válida para todos os dispositivos desse tipo – é que, uma vez formada a imagem, ela permanece na tela mesmo na ausência do campo elétrico que a formou. Por outro lado, como sua visualização se dá por reflexão da luz incidente no painel, não há necessidade de bateria para manter a exibição da imagem. Esta será utilizada apenas para acionar o sistema eletrônico nos momentos em que se desejar formar ou apagar imagens.


Não é fácil controlar gotas d'água que se esparramam sobre uma superfície. De forma análoga, o controle da forma como se esparramam as gotas da solução polimérica usada no papel eletrônico foi um dos desafios no seu desenvolvimento (foto: Dan Shirley).

Uma perspectiva mais ampla
Quando se fala em papel eletrônico, geralmente vem à mente a imagem do início desta coluna. Nesse sentido, ele seria uma evolução dos atuais livros eletrônicos. No entanto, a indústria tem uma perspectiva mais ampla quando se refere a esse produto. Não devemos esquecer que papel eletrônico é qualquer coisa que seja flexível, possa exibir imagens por reflexão de luz, apresente baixo consumo de energia e, se possível, tenha grande capacidade de armazenamento. Assim, o leque de assemelhados se abre extraordinariamente.
Teremos, por exemplo, papel eletrônico em etiquetas de produtos nas prateleiras de lojas e supermercados. Os dados ali contidos poderão ser alterados por um sistema de comunicação sem fio. Teremos papel eletrônico em grandes painéis, a um custo bem inferior aos atuais. No que se refere ao sonho de consumo de muitos leitores, voltemos à cena inicial: um canudo com 1 centímetro de diâmetro e 15 a 20 centímetros de comprimento. Lá dentro, uma folha retrátil, com milhares de livros gravados e conexão sem fio para buscar conteúdo em repositórios na internet e um sistema que permita uso de mensagens eletrônicas. Tudo isso por não mais do que 250 reais, e em futuro mais próximo do que muitos imaginam!


Carlos Alberto dos Santos

Colunista da CH On-line Professor aposentado pelo Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Revista Ciência Hoje 27/03/2009.
Link:
www.cienciahoje.org.br/141468

26 de março de 2009

CONVERSA PARA CATALOGADOR DORMIR: ALGUNS CAMINHOS DO FORMATO MARC!

Por Fernando Modesto.

A consolidação do MARC 21 como formato universal, marca a evolução e consolidação do mais tradicional formato de intercâmbio bibliográfico para o século 21. Século esse marcado pela inovação da inovação tecnológica, e pelo domínio da ambiência digital. Sob esse aspecto, resumidamente, comenta-se a atual situação do formato MARC, que apesar de “quarentão” segue sobrevivendo às transformações dos suportes documentais, e gozando de boa saúde para a alegria e a tristeza de catalogadores.

Recorde-se que a proposta de concepção do MARC 21 teve início na segunda metade da década de 1980, com o documento publicado em 1987: “MARC 21 Specifications for Record Structure, Caracter Sets, and Exchange Media”, como resultado das intenções de unificação dos formatos USMARC, CANMARC e UKMARC.

Marta Martinéz García e María Olaran Múgica em “Manual de Catalogación em Formato MARC” (2ª ed. Madrid: ARCO/Libros, 2007), comentam que neste processo de integração, os responsáveis pelo formato UKMARC abandonaram o projeto só retornando década mais tarde, em 2000, quando a British Library toma a decisão de migrar seus registros baseados em UKMARC para o MARC 21.

Este fato resulta, em 2002, de novo acordo com os representantes da Library of Congress e a National Library of Canada. O processo da British foi realizado em etapas mediante programas de conversão que mapearam as equivalências entre os formatos.

Atualmente, os registros bibliográficos ingleses são originados diretamente no formato MARC 21. Aliás, fato consumado entre vários países da comunidade européia. Parafraseando nosso Guia: “Azelites” da catalogação mundial definiram os princípios de renovação e unificação dos formatos, substituindo seus próprios formatos e influindo na substituição da quase totalidade das variantes do formato MARC.

Assim, o formato MARC 21 converte-se em modelo universal. Alguns países se adaptaram diretamente ao padrão (caso do Brasil, por exemplo). Outros introduziram modificações para manter determinadas tradições catalográficas, mas sofrem com um mercado de automação de biblioteca onde sistemas são integralmente baseados no MARC 21.

O MARC 21 é uma família de formatos, um conjunto de recursos que servem de ferramenta ao universo bibliográfico. Os cinco formatos do MARC 21 são:

MARC 21 Format for Bibliographic Data (Formato MARC 21 para Dados Bibliográficos), desenhado para codificação de informações bibliográficas de livros e manuscritos, arquivos de computador, material cartográfico, música, publicações seriadas (recursos contínuos), materiais visuais (projetável, bidimensional, kit, artefato tridimensional) e materiais mistos. Os dados bibliográficos incluem normalmente título, nomes, assuntos, notas, dados de publicação e informações referentes á descrição física dos documentos.

MARC 21 Format for Authority Data (Formato MARC 21 para Dados de Autoridade), destinado a informação sobre as formas autorizadas de nomes, assuntos e suas subdivisões que constituem o ponto de acesso dos registros bibliográficos. Incluí também as modalidades ou variações de nomes, assuntos e suas subdivisões que serão utilizadas como referência às formas normalizadas; e que por sua vez proporciona meios para se estabelecer e controlar as inter-relações existentes entre os pontos de acesso.

MARC 21 Format for Holdings Data (Formato MARC 21 para Dados de Coleção e Localizações), proporciona informação para localizar e identificar os exemplares de um documento e obter informação sobre a biblioteca depositária (do item). O estado de conservação, procedência, encadernações, forma de acesso eletrônico, volumes de uma publicação seriada (recursos contínuos), são alguns dos dados contemplados pelo formato. Possibilita constituir registros independentes, pois parte dos seus campos podem aparecer embebidos no registro bibliográfico.

MARC 21 Format for Classification Data (Formato MARC 21 para Dados de Classificação), codifica os dados pertencentes á notação de uma classificação numérica. Permite relacionar com os registros bibliográficos ou com os dados de autoridade, desde que o sistema de catalogação solicite validação da classificação no campo correspondente.

MARC 21 Format for Community Information (Formato MARC 21 para Informação Comunitária), permite o processamento de recursos não bibliográficos que possam ser úteis para uma determinada comunidade. Estabelece uma taxonomia de cinco tipos de registros, relacionados com: um indivíduo, uma organização, um programa ou serviço, um acontecimento, ou outros assuntos que por seu tipo de conteúdo heterogêneo não possa ser agrupado sob um conceito específico.

As entidades responsáveis, atualmente, pela manutenção dos formatos MARC 21 são: Library of Congress – LC e National Library of Canada. Como canal de comunicação com o mundo, sobre o padrão, a Library of Congress Network Development and MARC Standards Office mantém uma lista eletrônica denominada MARC Forum, aberta ao recebimento de propostas e sugestões. Há, ainda, o MARBI (Machine Readable Bibliographic Information), vinculado a American Library Association, e a CCM (Canadian Committee on MARC), que atuam como órgãos assessores para as agencias nacionais responsáveis pelo Formato.

Aspecto significativo á sobrevivência do formato é sua reação ao surgimento de novos recursos distribuídos em redes eletrônicas e, totalmente, distintas dos suportes e canais tradicionais de armazenamento e distribuição.

As características dinâmicas e de instabilidade de muitos destes recursos eletrônicos (conteúdo e forma de acesso) não estão totalmente ajustados às convenções catalográficas existentes. Porém, há ações de ajustamentos neste sentido como, por exemplo, a incorporação (desde meados da década de 1990, no MARC bibliográfico e dados da coleção) do campo 856 que permite localizar e acessar recursos eletrônicos.

Desde esse período, a Library of Congress Network Development and MARC Standards Office estabelece um fluxo de trabalho relacionado ao aproveitamento de informações que proporcionam os metadados de análise documental no formato de recursos acessíveis por meio da Internet.

Os metadados (que em definição genérica) representam dados sobre dados ou informação sobre informação, fornecem mesmo significado aos registros bibliográficos codificados em MARC (também considerados como metadados). O que, na literatura, é salientado como aplicável a outros padrões projetados para analisar, representar e recuperar através de softwares, os recursos eletrônicos.

Essa caracterização do formato realizou-se em duas etapas:

Inicialmente, elaborou-se modelo destinado á conversão de dados registrados em MARC para SGML (Standard Generalized Markup Language), e da mesma forma o processo inverso de conversão, de forma a minimizar a perda de dados na transação. Essas operações de conversão se realizam por meio de uma linguagem específica de marcação: DTD (Definição de Tipo de Documento).

A partir de 2002 a linguagem SGML é substituída pela linguagem XML (Extensive Markup Language), uma linguagem de marcação mais avançada, e que contribui para estabelecer três grupos de ferramentas MARC:

MARCXML schema. Ferramenta concebida como um modelo flexível de uso segundo as necessidades específicas do bibliotecário ou comunidade usuária em geral. É composto de recursos variados como: esquema de codificação, folhas de estilo, ferramentas de conversão entre MARC e MARCXML, além de programas desenvolvidos pela LC.

MODS (Metadata Object Description Schema). Esquema XML estruturado em um conjunto de elementos bibliográficos, aplicado principalmente em biblioteca, mas que também oferece possibilidade de uso variado no universo documental. Entre outras aplicações, inclui relação de equivalência com o padrão Dublin Core Metadata Elements, versión 1.1 (versão simples dos elementos Dublin Core), permitindo a conversão de um registro DC em MODS e vice-versa.

MADS (Metadata Authority Description Schema). Esquema XML estruturado em um conjunto de elementos destinado ao controle de autoridade, e que pode ser usado para fornecer metadados sobre pessoas, organizações, eventos, e terminologia (termos tópicos, geográficos, gêneros, etc.). O esquema foi criado para servir como um complemento ao MODS. Assim, MADS tem uma relação com o formato MARC 21 de Autoridade, semelhante ao que MODS tem com o MARC 21 Bibliográfico. Ambos transportam dados bibliográficos selecionados do MARC 21.

MARC XML DTD é uma estrutura composta de especificações de cada um dos elementos dos cinco formatos MARC 21, agora como elementos XML.

Outra influência sobre o formato MARC é a FRBR (Functional Requirements for Bibliographical Record). Modelo conceitual de dados bibliográficos baseado em metodologia conhecida como “entidade-relacionamento”, aplicada na construção de bases de dados relacionais.

Esse modelo aprovado pelo Comitê Permanente da Seção de Catalogação da IFLA. Apresenta quatro níveis de representação bibliográfica: Obra, expressão, Manifestação e Item (documento). Entre seus objetivos principais está o de estabelecer acordo com as agencias bibliográficas nacionais sobre os dados bibliográficos mínimos aceitáveis na composição do registro.

A revisão das ISBDs, iniciadas desde 2002, busca estabelecer uma norma catalográfica coerente com as recomendações da FRBR. Com a mesma intenção, organismos como OCLC e a Library of Congress, Agencias Bibliográficas da Austrália e de outros países, realizam estudos comparativos sobre a adequação de seus catálogos com as recomendações da FRBR. As análises empreendidas têm estabelecidos níveis elevados de correlação existentes entre o formato MARC 21 e a FRBR.

Outro acontecimento de repercussão no universo catalográfico mundial relacionado com a normativa bibliográfica se refere aos encontros internacionais da UBCIM (IFLA Universal Bibliographic Control and Internacional MARC Core Activity) e UDT (Universal DataFlow and telecommunications Core Activity). O resultado destes acontecimentos foi o acordo ICABS (IFLA-CDNL Alliance for Bibliographic Standards) estabelecendo novo projeto bibliográfico proposto pela National Library of Autralia, Library of Congress, British Library, Koninklijke Bibliotheek, Deutsche Bibliothek, e Biblioteca Nacional de Portugal. Inúmeros documentos e textos atestam os trabalhos desenvolvidos e de como a catalogação vai se orientando no atual cenário mundial.

Segundo Martinéz e Olaran, a colaboração entre a IFLA e a CDNL (Conferência de Diretores de Bibliotecas Nacionais), estabelece em seus preceitos iniciais três objetivos para cuja execução se define uma série de ações, que resumidamente contemplam:

Objetivo (1) – Manter, promover e harmonizar as normas e conceitos existentes relacionados com o controle bibliográfico e de recursos.

Ações: Desenvolvimento das ISBDs; Aperfeiçoamento das FRBR; Apoio ao projeto FRANAR (Funcional Requirements of Authority Numbering and Records); Promover o uso do UNIMARC; Avanços no uso do MARC 21 e seus derivados em XML; Cooperar na implantação do protocolo Z39.50, com o acesso remoto a informação ZING e seus serviços de busca web e recuperação baseado em XML.

Objetivo (2) – Desenvolver estratégias para o controle bibliográfico e de recursos, de forma a também impulsionar a adoção de novos acordos.

Ações: Apoiar o projeto VIAF (Virtual International Authority File); Metadados e esquema de metadados baseados em XML.

Objetivo (3) – Impulso ao arquivamento de longo prazo de recursos eletrônicos.

Ações: Conhecimento dos requisitos e condições necessárias para arquivamento dos recursos eletrônicos; Pesquisar sobre métodos e normas para a migração e emulação dos recursos; Preservação de publicações acessíveis via web; Estabelecimento de diretrizes para a preservação de conteúdo digital.

Em realidade, o formato MARC e as normas catalográficas internacionais encontram-se submetidas a uma contínua transformação. Isto é decorrente do fato de que o insumo informação, processado e reelaborado por estes sistemas bibliográficos, encontra-se em contínua evolução.

A incidência dos avanços tecnológicos sobre os documentos, catálogos e canais de difusão da informação obrigam uma revisão e aprimoramento do ferramental bibliográfico de tratamento e organização do conhecimento.

Talvez não sintamos, no Brasil, a intensidade das discussões e alterações que afligem o trabalho catalográfico mundial. Porém, as mudanças são certas, e a mobilização da comunidade se faz necessária.

É importante estruturar e formatar regionalmente grupos de trabalho para assimilar novas posturas de atuação e desempenho dos serviços técnicos. Bem como, mudar a mentalidade generalizada de se “fazer” catalogação de forma isolada.

O melhor do formato MARC não é o seu uso individualizado e cerrado entre quatro paredes. O melhor do formato MARC está na sua aplicação cooperativa, que gera o catalogo coletivo para a coletividade de usuários.

Na era das redes eletrônicas, das redes sociais, e da inteligência coletiva. A moderna Biblioteconomia sempre esteve embebida.

Março/2009.

Sobre o autor: Fernando Modesto - Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.

24 de março de 2009

Web 2.0 em Bibliotecas:

Em homenagem ao Dia do Bibliotecário (12/03), no dia 13 de março foi realizada a Palestra "Web 2.0 em bibliotecas"

Proferida pela bibliotecária portuguesa Teresa Laranjeiro.

A biblioteca 2.0 deve proporcionar acessibilidade, interatividade, colaboração e participação dos usuários junto a ela.

O objetivo principal de pensarmos em ferramentas da Web 2.0 em bibliotecas é principalmente para facilitar o trabalho do bibliotecário e também o acesso do usuários seja ao acervo ou para fazer uma sugestão e receber uma informação de forma rápida e precisa.

Foram citadas algumas ferramentas que já fazem parte do nosso dia-a-dia como usuários mas que talvez não pensemos em aplicá-las às bibliotecas. São elas;

Blog: gratuito, fácil de criar e usar, pode complementar o site da biblioteca e tem inúmeras aplicações. É muito mais que um diário eletrônico.

Twitter: é considerado um micro-blogging. Gratuito, fácil de usar, possibilita a fácil comunicação e também pode complementar o site da biblioteca.

Delicious: um tipo de lista de favoritos disponível on-line de qualquer computador em qualquer lugar do mundo. Também é gratuito, acessível, operado com linguagem natural.

Cada bibliotecário precisa identificar quais ferramentas são adequadas a sua biblioteca e aos seus usuários. Mas é preciso planejamento, persistência e avaliação, caso contrário a idéia morre com o primeiro problema.

Se você pretende utilizar a Web 2.0 em sua biblioteca, também é preciso familiarizar os seus colaboradores com essas ferramentas. De nada adianta lançar uma idéia que as pessoas não conhecem ou não estão familiarizadas.

As bibliotecas ainda são locais muito conservadores e muitos bibliotecários são resistentes às novidades, não conseguem ver sua atuação longe do papel, do livro em meio físico. Antes de mais nada crie um ambiente propício para a utilização dessas ferramentas, crie a cultura do compartilhamento de informações.

Fatores Críticos para o Sucesso da Certificação ISO 27001

Quando falamos em Segurança da Informação, imediatamente nos vem ao pensamento o imenso universo de Yotta Bytes (MB=106, YB=1024) digitais compostos pelos dados operacionais da empresa. E não estamos totalmente equivocados quanto a isto, pois é neles que estão registrados o histórico de negócios, os resultados financeiros e as evidências do cumprimento de obrigações da organização.

Mas esses dados digitais, na maioria dos casos, já se encontram razoavelmente protegidos, muitas vezes por sugestão ou requisitos dos próprios fabricantes do hardware e software utilizados, sendo que, o tratamento de possíveis ameaças ou vulnerabilidades pós-existentes, é apenas uma questão de investimentos em instalações e tecnologias adequadas.

Além disto, a segurança da informação digital e seus meios de processamento, ao longo dos últimos anos, tem sido objeto de várias normatizações específicas e abrangentes, internacionalmente aceitas, tais como ITIL (Information Technology Infrastructure Library) - um apanhado das melhores práticas de TI reconhecido desde 1990, COBIT (Control Objectives for Information and related Technology) - um framework de referência para a gestão de TI surgido em 1996 - e a BS 7799, homologada em 2000, hoje ISO 27001. Remanescem, porém, ameaças menos prováveis mas de conseqüências, muitas vezes, devastadoras como ações radicais do homem (New York – World Trade Center – 2001) ou fenômenos naturais catastróficos (New Orleans – Furacão Katrina – 2005).

Segurança da Informação, porém, não se aplica exclusivamente aos sistemas e equipamentos de informática, mas também, e talvez mais criticamente, às formas escrita e falada de registro e transmissão das informações, às pessoas, suas relações, cultura e comportamentos.

Estes aspectos, embora bastante empíricos, representam uma fragilidade significativa às informações estratégicas e confidenciais da organização, pois dependem exclusivamente de confiabilidade do corpo funcional, de sua conscientizarão e comprometimento.

Primeiramente, vemos na consistência do processo de recrutamento e seleção, através da definição detalhada de qualificações e competências desejadas para cada cargo, análise e verificação criteriosa de informações curriculares e de recomendação e na comprovação de idoneidade civil e criminal dos candidatos, uma ação preventiva, em prol da garantia de sigilosidade, devendo ser formalizada no ato da contratação dos servidores, através de termos de conhecimento e comprometimento de responsabilidades para com as formais políticas da organização.

Além disso, a organização deve publicamente expressar sua política de segurança da informação, envolvendo seus fornecedores, clientes e colaboradores, em um processo contínuo de conscientizarão, compromisso e adequação organizacional.

Neste aspecto, a adoção de metodologias organizacionais tais como House Keeping (Programa 5Ss), além de minimizar desperdícios, propicia mudanças comportamentais pela indução de boas práticas tais como, cada coisa em seu lugar, mesa limpa e tela limpa.

Em empresas que ostentam Certificações de Qualidade, como ISO 9000, observa-se um amadurecimento desses processos organizacionais, nos quais a classificação e cuidados com documentos passaram a ser prática diária e natural das atividades laborais, assim como a formalização procedural e normativa de seus processos, gerando uma documentação inequívoca dos desejos, permissões e determinações da alta direção da organização.

A existência destes recursos contribuem significativamente para o processo de estabelecimento de um SGSI – Sistema de Gestão de Segurança da Informação, requisito base da norma ISO 27001, cujo objetivo é garantir a integridade, confidencialidade e disponibilidade da informação, cabendo a organização então, definir os limites (escopo) em que sua avaliação será aplicada, iniciando um processo contínuo de verificação de impacto no negócio (BIA - Business Impact Analysis), analisando os Riscos dentro de uma relação direta entre Impacto x Exposição, definindo controles para sua mitigação e definindo seus níveis de aceitabilidade residual, adequados à importância de cada processo de negócio.

Este processo de otimização organizacional, como podemos perceber, é um bom caminho para a implementação da Segurança da Informação, onde a aderência a norma específica ISO 27001 funciona como um instrumento verificador de eficiência e eficácia, num ambiente dinâmico, de constante mutação, exigindo para sua manutenção, um trabalho dedicado de melhoria contínua.


Régis E. S. Aguiar é consultor sênior associado da e-trust
Fonte: Baguete.

Na era da informação, empresas buscam talentos empreendedores!

23 de março de 2009.
Por Luiz Alberto Ferla


Estamos na Era da Informação. A cada dia uma nova tecnologia surge, abrindo muitas possibilidades para quem está conectado às novidades. É o mundo dos sonhos para quem tem espírito empreendedor e vontade de trabalhar.
Os profissionais com esse tipo de perfil são verdadeiros ‘talentos empreendedores’, pessoas que dificilmente estarão fora do mercado de trabalho, mesmo em períodos de crise e incertezas.

O ambiente atual, por exemplo, possibilita a oportunidade de o profissional atuar em novas frentes de trabalho. Hoje há diversos setores e áreas que permitem que esse profissional esteja apto a desempenhar duas ou mais funções. Praticamente não há limitações se a pessoa tiver competência, discernimento, curiosidade, capacidade de aprender e energia suficientes para lançar-se em novas frentes ou reconfigurar as atividades que até então não desenvolvia.

As pessoas mais atentas e sintonizadas com a “economia do conhecimento” já perceberam que a obsolescência de conhecimentos (e de modelo mental) é um fenômeno assustador e que atinge a todos. A velocidade das mudanças, as inovações constantes, o acesso às tecnologias e as novas exigências de mercado, para o bem e para o mal, provocam desconfortos.

Os que acompanham as mudanças de seu tempo terão que “descobrir necessidades e atendê-las”, criando mais frentes de trabalho e renda para si e para outros. E não há nada de confortável nisso. É trabalho duro e ininterrupto. A verdade é que cada vez mais espera-se que o profissional seja um especialista, mas que tenha também habilidades complementares. A pessoa talentosa é aquela que possui uma competência em grau de excelência, uma expertise. É por isso que é contratada, é isso que define a sua presença na folha de pagamento. Empowerment Um discurso que ganhou força na década de 70 é que as pessoas precisavam ser mais generalistas e menos especialistas.

O que se queria dizer é que a nova economia exigiria pessoas abertas ao conhecimento e ávidas por aprender. Era um alerta para que não se limitassem a uma área de conhecimento, de negociação, de relacionamentos, de visão de negócios. Entrávamos na era do empowerment. Nas empresas, níveis hierárquicos desapareceram, cargos de gerentes e supervisores foram drasticamente diminuídos e mais poder foi dado às pessoas – o que exigiu mais saber. Exigiram-se competências para além da expertise básica – o que possibilitou que as pessoas enxergassem novas oportunidades para aplicação de sua experiência e de suas habilidades extras. Essa atitude se faz muito necessária nos dias de hoje.

O profissional tem de ser multitarefa, embora, poucos se dêem conta disso. Os que preferem o conforto do conhecido, do tradicional, do consagrado, do aprendido, podem descobrir que o conforto é só aparente: que a obsolescência os ronda e ameaça seus empregos e estilos de vida.

*Luiz Alberto Ferla, CEO das empresas Talk Interactive (www.talkinteractive.com.br) – especializada em comunicação digital e Knowtec (www.knowtec.com) – especializada em inteligência competitiva. Administrador e engenheiro pós-graduado em planejamento estratégico, é também co-autor do livro “Viagem ao Mundo do Empreendedorismo”.



Fonte:
Administradores

13 de março de 2009

Reportagem da Folha de São Paulo em Comemoração ao dia do Bibliotecário!

Folha de São Paulo, 12/03/2009 - São Paulo SP.

O bibliotecário e a era do conhecimento Hoje, no Dia do Bibliotecário, esse profissional clama pelo reconhecimento social que, todavia, ainda não lhe faz justiça plena aqui no Brasil.

VERA STEFANOV e LEVI BUCALEM FERRARI

AS CIVILIZAÇÕES têm como marco inicial a palavra escrita, testemunho mais eloquente de qualquer cultura. Na Antiguidade, bibliotecas foram símbolo do prestígio das cidades que as abrigavam. Zelar por elas era tarefa das mais importantes, atribuída a um segmento nobiliárquico competente. Ainda não se distinguiam os papéis do escriba e os do bibliotecário, como os entendemos hoje, mas o fato é que esses profissionais gozavam de prestígio e respondiam diretamente ao soberano.

A partir da invenção da prensa móvel por Gutenberg, aumenta exponencialmente o número de exemplares por livro e surgem os jornais, os fascículos, as revistas. Logo, as bibliotecas demandaram profissionais especializados, na moderna figura do bibliotecário -que desenvolveram sistemas mais eficazes de catalogação, disposição, conservação etc.

No Brasil, esse marco foi estabelecido pelo engenheiro, bibliotecário, escritor e poeta Manuel Bastos Tigre. A importância de sua contribuição é reconhecida também pela legislação, que apontou a data de seu nasci- mento -12 de março- como o Dia do Bibliotecário no Brasil. Em 1906, Bastos Tigre viajou para os Estados Unidos, onde conheceu Melvil Dewey, que já havia instituído o sistema de classificação decimal. A partir de 1945, trabalhou na Biblioteca Nacional e, depois, assumiu a direção da Biblioteca Central da Universidade do Brasil. Fiéis ao espírito pioneiro de seu patrono e aos inúmeros serviços que prestou ao país e ao livro, bibliotecários brasileiros clamam na data de hoje pelo reconhecimento social que, todavia, ainda não lhes faz justiça plena.

De fato, predomina, entre nós, muito amadorismo na questão. Enquanto o bibliotecário é visto como luxo dispensável, não raro outros profissionais são chamados para quebrar o galho, comprometendo a conservação de acervos importantes, sua disposição racional e sua acessibilidade.

Nas escolas a situação é de calamidade pública. Muitas nem sequer possuem bibliotecas. Não raro, é algum professor que se encarrega de organizar o acervo. Em outras, os livros se atulham sob escadas, corredores ou salas inadequadas. O impacto é extremamente negativo na formação dos alunos. Na idade em que a leitura precisa ser valorizada para que seu hábito se cristalize, o estudante vê livros tratados como entulho. Nada o convencerá mais tarde do contrário: o livro permanecerá entulho, e sua leitura, um ato despido de sentido.

Quanto ao ensino superior, as informações não são melhores. Boa parte dos grandes complexos educacionais privados costuma adquirir muitos livros. Mas, quantos? Uma centena de exemplares pode impressionar o leigo, mas está longe da suficiência se o número de alunos por curso passa da casa do milhar. Se isso é válido para uma política hipócrita em relação ao livro, imaginemos as proporções bibliotecário/usuário nessas instituições. Seu número é quase sempre insuficiente, como são precárias suas condições de trabalho.

No momento em que governo e sociedade no Brasil se dão conta de nossos vergonhosos níveis de leitura e se mobilizam para superá-los por meio de programas de incentivo, não é mais possível aceitarmos esses descalabros. É o momento de convocar o bibliotecário para -ao lado do educador, do escritor, do editor e de outros- traçar os rumos de uma política eficaz e duradoura para os livros e para as bibliotecas.

Entre os novos desafios, o maior vem da tecnologia da informação, que cresce exponencialmente. Ajudar o pesquisador, o profissional e o cidadão a pinçar, entre uma infinidade de informações, aquelas que realmente lhe interessam e que são confiáveis é apenas a ponta do iceberg. De fato, a possibilidade de acesso mais democrático à informação, à literatura e à cultura em geral não permitirá que o bibliotecário se aliene em relação a desafios que trazem em seu bojo a histórica oportunidade de aliança entre cultura e consciência crítica, entre informação e emancipação. Inicialmente, ele terá de interagir em equipes multidisciplinares, em processos de mútuo aprendizado.

Aos poucos, sua formação específica haverá de impor-se como peça-chave de funções socialmente tão relevantes. O bibliotecário se mostrará, assim, indispensável. Quando isso ocorrer, a forma como esse profissional for tratado por empregadores de quaisquer tipos, pela sociedade e pelo legislador representará indicador do grau de civilização que poderemos projetar para nós mesmos.


VERA LUCIA STEFANOV, 56, bibliotecária documentalista, é presidente do SinBiesp (Sindicato dos Bibliotecários do Estado de São Paulo).
LEVI BUCALEM FERRARI, 63, cientista político, é presidente da UBE (União Brasileira de Escritores).

12 de março de 2009

Feliz dia do Bibliotecário!!!


Oi amigos!!

"Feliz dia do Bibliotecário"
Sucesso a todos.

Grande beijo!

"Um país se faz com homens e livros"
Monteiro Lobato

6 de março de 2009

Sinuca digital!

Por: Paulo Pacini.

Quando, em 1999, o neurobiólogo Joseph Miller pediu à Nasa acesso aos dados das missões Viking, que aterrissaram em Marte em 1976, sua solicitação foi prontamente atendida. As fitas magnéticas, corretamente armazenadas, foram localizadas e entregues. Infelizmente, delas não foi possível se extrair nada, pois o formato digital no qual a informação foi codificada já tinha sido esquecido, e seus criadores haviam falecido ou se aposentado. Graças a algumas anotações em folhas de papel, anexadas às fitas, depois de muito esforço foi possível recuperar um terço da informação.
O episódio acendeu uma luz vermelha em todas instituições que trabalham com o armazenamento de informações digitais, acerca dos riscos que a evolução tecnológica pode ocasionar para o resgate futuro dos dados.Um dos grupos mais preocupados com a conservação de seus arquivos é a indústria do cinema, e, para situar o problema, a Academy of Motion Picture Arts and Sciences (instituição que concede os Oscars) divulgou, em 2007, um estudo abrangente, no qual também são analisados casos de outros setores. Para os estúdios, a preservação dos filmes é uma questão de vida ou morte, pois um terço de sua renda provém de reprises, comercializadas para a TV ou em DVDs.
A maior parte de seu acervo são filmes de 35mm, uma tecnologia confiável, conhecida, cuja qualidade ainda não foi equiparada pelo meio digital, com uma vida prevista de pelo menos 100 anos, em condições corretas de armazenamento, e um custo extremamente baixo. Por esta razão, quase tudo é filmado em película, apesar de todo processamento posterior ser digital. O custo do arquivamento digital é pelo menos 11 vezes superior, pois necessita uma verdadeira parafernália para seus muitos terabytes de informação, armazenados em discos rígidos ou fitas magnéticas, pedindo uma estrutura pesada de servidores, com manutenção constante, incluindo hardware, software, substituição de mídia, treinamento de pessoal, consumo de energia elétrica, só para citar alguns. Mesmo assim, a acessibilidade não está garantida, pois tudo muda na indústria de informática, os formatos de arquivo, sistemas operacionais, interfaces, software, etc.Em outros setores, a questão é igualmente grave.
A Biblioteca do Congresso dos EUA criou o programa NDIIPP, para a criação e preservação da informação digital, que estipulou algumas linhas gerais de orientação, procurando favorecer a criação de uma rede de arquivamento, pois se considera que a tarefa é grande demais para uma única instituição.Os arquivo nacional americano, o Nara, que contém todos os registros da esfera governamental, também criou uma iniciativa nesse sentido, que inclui a padronização dos formatos de arquivo e da metainformação, ou seja, informação sobre as informações, que facilitam sua localização.
A imprensa também lida com dificuldades relativas ao arquivamento de informações, especialmente de imagens, pois é prática corrente o descarte de material não utilizado, apagando-se a memória das máquinas.Não existem mais negativos que possam ser utilizados no futuro, em novas publicações. Emissoras de TV frequentemente eliminam material gravado digitalmente, reutilizando as fitas, preservando para a posteridade só uma parte da informação.Esses problemas, que pouca gente vê, são extremamente sérios.
O único meio encontrado até o momento para se garantir o acesso futuro aos arquivos digitais é, antes de tudo, ter-se uma política de preservação da informação, e também um esquema de migração contínua para novos formatos, a ser feita a cada poucos anos, a um custo elevado.
A maioria dos países está se conscientizando das limitações da tecnologia atual com relação ao arquivamento a longo prazo, ao mesmo tempo em que buscam soluções.Será necessário um grande esforço das instituições governamentais e privadas brasileiras para que o costumeiro imediatismo e aversão ao planejamento não faça com que no futuro exista uma enorme lacuna em todo tipo de dados relativos ao período histórico que então será o nosso presente.


Fonte: Jornal do Brasil.

URL:
Http://jbonline.terra.com.br/leiajb/noticias/2009/03/03/sociedadeaberta/sinuca_digital.asp

4 de março de 2009

Bibliotecários devem perceber que seu foco deixou de ser somente o suporte (livro) para abranger o acesso à informação em todos os tipos de suporte.


A popularização de equipamentos eletrônicos tem contribuído para o crescimento da internet e da tecnologia utilizada por ela. A internet cada vez mais popular, mais fácil e acessível por meio de banda larga, o que facilita a navegação, já está em escritórios, cafés, bares, em casa, aviões, shoppings, universidades, escolas, além das residências e ocupando um espaço cada vez maior no cotidiano das pessoas.

Mas a tecnologia ainda é vista com olhos desconfiados por grande parte dos profissionais da biblioteconomia. A internet, especialmente, é um desafio que poucos se propõem a enfrentar.
Essa atitude auxilia na exclusão do bibliotecário do mercado de trabalho relacionado à internet e é ruim para a profissão. Isso porque o foco do bibliotecário deixou de ser somente o suporte (o livro) para abranger o acesso à informação (ou seja, a informação em todos os tipos de suporte).
Tendo essa idéia em mente, a informação na internet é um grande nicho que escapa das mãos destes profissionais, principalmente com relação ao tratamento e organização da informação em websites, astro principal na grande rede. Este trabalho, que cabe perfeitamente aos bibliotecários, tem ficado por conta de profissionais da área de jornalismo, publicidade, design de interfaces e análise de sistemas.

Organizar a informação, o fluxo de navegação de um website, trabalhar a hierarquia e categorização da informação na web são algumas das atividades exercidas pelo arquiteto de informação, o novo profissional que surge para fazer o que o bibliotecário faz em centros de informação.
Segundo Rosenfeld (2002, tradução nossa), co–autor do best–seller "Information Architecture for the World Wide Web", a "Arquitetura de Informação é a arte e a ciência de organizar, estruturar e categorizar a informação para torná–la mais fácil de encontrar e de controlar". Essa definição encaixa–se perfeitamente no papel e na função do bibliotecário, que segundo Milanesi (apud SOUZA, 2005) é "descongestionar todas as vias de fluxo da informação".

Para Garrett, "Information architecture is closely related to the concept of information retrieval: the design of systems that enable users to find information easily. But Web site architectures are often called on to do more than just help people find things; in many cases, they have to educate, inform, or persuade users." (GARRETT, 2004, p. 94).

Estas são exatamente as preocupações de um arquiteto de informação e a maioria dos designers não possui conhecimento ou experiência suficiente para tomar as decisões certas nestas questões.

Ora, em um paralelo, estas questões fazem parte da rotina de trabalho de um bibliotecário: trabalhar com hierarquia, categorização, fluxo da informação, facilidade de uso e acesso à informação. O bibliotecário, além destes conhecimentos precisa estar informado sobre as tecnologias que cercam sua rotina e precisa ter conhecimentos de editoração.
Além da estruturação, organização e categorização da informação, o arquiteto de informação lida também com questões de usabilidade e cognição, taxonomia, tesauros e vocabulário controlado. Ter um site na internet com muito conteúdo significa ter que organizar e categorizar muita informação e isso é o que a Biblioteconomia tem feito há tempos.

A máxima hoje é dizer que "informação é poder", e com isso quanto mais informação, mais poder. Mas essa explosão informacional, que nos bombardeia dados, fatos e informações o tempo todo se não organizados e categorizados, nos traz o que Wurman (2003) chama de "ansiedade de informação". Dados e fatos, para o autor, que não agregam conhecimento, não são informação e essa falta de conhecimento gera a ansiedade por não saber. Essa ansiedade só pode ser superada se aprendermos "a reconhecer o que é compreensível e o que não é".

Em uma busca, o usuário que acessa a internet se depara com tanta informação, pertinente ou não, que muitas vezes não sabe por onde começar a procurar. E é aí que entra o arquiteto de informação, para organizar a informação e o fluxo de navegação, que é o que o bibliotecário faz em um centro de informação: organiza a informação de forma que ela seja facilmente recuperada e mapeia as formas de encontrá–la.

A partir de estudos sobre necessidades e comportamentos dos usuários que se deseja alcançar, o arquiteto planeja a organização da informação no site e seu fluxo de navegação utilizando critérios de usabilidade como facilidade de uso, baixa taxa de erros, eficiência, além da análise de processos de cognição, taxonomia na organização e hierarquização da informação.

Bem, este é o papel do bibliotecário em uma unidade de informação. A partir do perfil do usuário que se pretende atingir, o profissional da informação determinará toda a estratégia de serviços e produtos que irá oferecer, a rotina de trabalho, dentro outros. Ou seja, o bibliotecário é um profissional preparado para atuar nesta área em que atua o arquiteto de informação.

A diferença é o meio de atuação e as tecnologias envolvidas no desenvolvimento de cada um. O profissional se desenvolve de acordo com o meio em que atua. Se o bibliotecário for trabalhar na web, sua formação se voltará para as tecnologias que envolvem a área. [Webinsider].

Sobre o autor:

Katyusha Souza (katyusha.souza@agenciaclick.com.br) é arquiteta da informação na Agência Click

Fonte: Webinsider