20 de julho de 2010

Inspiração com Tarsila: Coordenação de cores!

Sou a favor que todo mundo exercite o olhar para que tudo em volta possa render inspiração.
Tudo pode render: cores de um filme, formas de um letreiro, o que inspirou uma fotografia – um clima, um lugar, um sentimento… vai saber! E o que essas coisas despertam na gente. Um monte de coisas chamam a nossa atenção, e se a gente transformar essa atenção em “criação”, daí a coisa rende. Tipo, Clarice Lispector tem me feito ter vontade de ser todo dia um pouco mais mulher


Outra que me inspira é Tarsila do Amaral. Ela foi uma artista muito importante pra gente aqui no Brasil porque em tudo queria reforçar sua origem, e assim foi. Tarsila estudou em Paris e vivia viajando, mas em tudo que fazia deixava bem clara a sua essência, e essa essência tinha super a ver com o lugar de onde ela vinha! Nas pinturas de Tarsila existem árvores, gente, coisas simples do cotidiano, muitas cores, simplicidade com carga emocional e conteúdo denso, que enche os olhos. O Brasil registrado por Tarsila é lindo, cheio de paisagens bonitas de se ver – você quase sente uma brisa bater quando vê, sabe como?



E se Tarsila se deixou influenciar tanto pelo seu meio, se o “em volta” foi tão importante no seu repertório de imagens, as cores não tinham como não aparecer. Toda a sua produção é super colorida, alegre, e cada espaço da tela é preenchido com um tom que pode, à primeira vista, não pertencer ao “conjuntinho”, mas que no todo faz um super sentido. Mesmo básica, ela é básica com cor! Com muitas cores juntas, diferentes e com tons próximos, que aparecem aos montes quando há mais detalhes nas visões de Tarsila. Ao mesmo tempo, quando a forma é super importante, a cor ainda aparece (forte!), como suporte pra deixar essa forma brilhar!



Nessa idéia de tirar inspiração de tudo, super tem como relacionar Tarsila e sua história (e suas obras) com a nossa (possível) motivação. Tarsila, junto com um grupo de amigos, propôs “digerir” a cultura européia até que o resultado de tanta “mastigação” fosse bem brasileiro. Então as referências vêm de fora, mas se enriquecem de figuras bem familiares: bichinhos, florzinhas, casinhas, frutinhas. Na figuração de Tarsila a gente encontra lugar pras nossas estampas, pras nossas formas, pras nossas vidas.


Mas Tarsila era feminina, e, tipo a gente, no fim do dia queria mesmo era estar bonita e impressionar/conquistar. Então em tudo, mesmo nas imagens mais elegantes, a artista usa formas arredondadas, corações, cores femininas e degradês suaves – não porque isso impressiona mais, mas porque, muito provavelmente, Tarsila era tão romântica quanto qualquer mulher do nosso grupo de amigas de hoje.






Saudade!

Nossa, qto tempo sem postar!
Estou me dedicando a outras atividades e o blog acabou ficando de lado... :(
Vou tentar ser mais assídua daqui pra frente!

Bjos!

10 de maio de 2010

Eletrônicos duram 10 anos, livros, 5 séculos‏!

Ensaísta e escritor italiano fala em entrevista exclusiva de seu novo trabalho, ‘Não Contem com o Fim do Livro’

MILÃO – O bom humor parece ser a principal característica do semiólogo, ensaísta e escritor italiano Umberto Eco. Se não, é a mais evidente. Ao pasmado visitante, boquiaberto diante de sua coleção de 30 mil volumes guardados em seu escritório/residência em Milão, ele tem duas respostas prontas quando é indagado se leu toda aquela vastidão de papel. “Não. Esses livros são apenas os que devo ler na semana que vem. Os que já li estão na universidade” – é a sua preferida. “Não li nenhum”, começa a segunda. “Se não, por que os guardaria?”

Na verdade, a coleção é maior, beira os 50 mil volumes, pois os demais estão em outra casa, no interior da Itália. E é justamente tal paixão pela obra em papel que convenceu Eco a aceitar o convite de um colega francês, Jean-Phillippe de Tonac, para, ao lado de outro incorrigível bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, discutir a perenidade do livro tradicional. Foram esses encontros (“muito informais, à beira da piscina e regados com bons uísques”, informa Umberto Eco) que resultaram em Não Contem Com o Fim do Livro, que a editora Record lança na segunda quinzena de abril.

A conclusão é óbvia: tal qual a roda, o livro é uma invenção consolidada, a ponto de as revoluções tecnológicas, anunciadas ou temidas, não terem como detê-lo. Qualquer dúvida é sanada ao se visitar o recanto milanês de Eco, como fez o Estado na última quarta-feira. Localizado diante do Castelo Sforzesco, o apartamento – naquele dia soprado por temperaturas baixíssimas, a neve pesada insistindo em embranquecer a formidável paisagem que se avista de sua sacada – encontra-se em um andar onde antes fora um pequeno hotel. “Se eram pouco funcionais para os hóspedes, os longos corredores são ótimos para mim pois estendo aí minhas estantes”, comenta o escritor, com indisfarçável prazer, ao apontar uma linha reta de prateleiras repletas que não parecem ter fim. Os antigos quartos? Transformaram-se em escritórios, dormitórios, sala de jantar, etc. O mais desejado, no entanto, é fechado a chave, climatizado e com uma janela que veda a luz solar: lá estão as raridades, obras produzidas há séculos, verdadeiros tesouros. Isso mesmo: tesouros de papel.

Conhecido tanto pela obra acadêmica (é professor aposentado de semiótica, mas ainda permanece na ativa na Faculdade de Bolonha) como pelos romances (O Nome da Rosa, publicado em 1980, tornou-se um best-seller mundial), Eco é um colecionador nato; além de livros, gosta também de selos, cartões-postais, rolhas de champanhe. Na sala de seu apartamento, estantes de vidro expõem tantos os livros raros – que, no momento, lideram sua preferência – como conchas, pedras, pedaços de madeira. As paredes expõem quadros que Eco arrematou nas visitas que fez a vários países ou que simplesmente ganhou de amigos – caso de Mário Schenberg (1914-1990), físico, político e crítico de arte brasileiro, de quem o escritor guarda as melhores recordações.

Aos 78 anos, Eco – que tem relançado no País Arte e Beleza na Estética Medieval (Record, 368 págs., R$ 47,90, tradução de Mario Sabino) – exibe uma impressionante vitalidade. Diverte-se com todo tipo de cinema (ao lado de seu aparelho de DVD repousa uma cópia da animação Ratatouille), mantém contato com seus alunos em Bolonha, escreve artigos para jornais e revistas e aceita convites para organizar exposições, como a que o transformou, no ano passado, em curador, no Museu do Louvre, em Paris. Lá, o autor teve o privilégio de passear sozinho pelos corredores do antigo palácio real francês nos dias em que o museu está fechado. E, como um moleque levado, aproveitou para alisar o bumbum da Vênus de Milo. Foi com esse mesmo espírito bem-humorado que Eco – envergando um elegante terno azul-marinho, que uma revolta gravata da mesma cor tratava de desalinhar; o rosto sem a característica barba grisalha (raspada religiosamente a cada 20 anos e, da última vez, em 2009, também porque o resistente bigode preto o fazia parecer Gengis Khan nas fotos) – conversou com a reportagem do Sabático.

O livro não está condenado, como apregoam os adoradores das novas tecnologias?
O desaparecimento do livro é uma obsessão de jornalistas, que me perguntam isso há 15 anos. Mesmo eu tendo escrito um artigo sobre o tema, continua o questionamento. O livro, para mim, é como uma colher, um machado, uma tesoura, esse tipo de objeto que, uma vez inventado, não muda jamais. Continua o mesmo e é difícil de ser substituído. O livro ainda é o meio mais fácil de transportar informação. Os eletrônicos chegaram, mas percebemos que sua vida útil não passa de dez anos. Afinal, ciência significa fazer novas experiências. Assim, quem poderia afirmar, anos atrás, que não teríamos hoje computadores capazes de ler os antigos disquetes? E que, ao contrário, temos livros que sobrevivem há mais de cinco séculos? Conversei recentemente com o diretor da Biblioteca Nacional de Paris, que me disse ter escaneado praticamente todo o seu acervo, mas manteve o original em papel, como medida de segurança.

Qual a diferença entre o conteúdo disponível na internet e o de uma enorme biblioteca?
A diferença básica é que uma biblioteca é como a memória humana, cuja função não é apenas a de conservar, mas também a de filtrar – muito embora Jorge Luis Borges, em seu livro Ficções, tenha criado um personagem, Funes, cuja capacidade de memória era infinita. Já a internet é como esse personagem do escritor argentino, incapaz de selecionar o que interessa – é possível encontrar lá tanto a Bíblia como Mein Kampf, de Hitler. Esse é o problema básico da internet: depende da capacidade de quem a consulta. Sou capaz de distinguir os sites confiáveis de filosofia, mas não os de física. Imagine então um estudante fazendo uma pesquisa sobre a 2.ª Guerra Mundial: será ele capaz de escolher o site correto? É trágico, um problema para o futuro, pois não existe ainda uma ciência para resolver isso. Depende apenas da vivência pessoal. Esse será o problema crucial da educação nos próximos anos.

Não é possível prever o futuro da internet?
Não para mim. Quando comecei a usá-la, nos anos 1980, eu era obrigado a colocar disquetes, rodar programas. Hoje, basta apertar um botão. Eu não imaginava isso naquela época. Talvez, no futuro, o homem não precise escrever no computador, apenas falar e seu comando de voz será reconhecido. Ou seja, trocará o teclado pela voz. Mas realmente não sei.
Como a crescente velocidade de processar dados de um computador poderá influenciar a forma como absorvemos informação?
O cérebro humano é adaptável às necessidades. Eu me sinto bem em um carro em alta velocidade, mas meu avô ficava apavorado. Já meu neto consegue informações com mais facilidade no computador do que eu. Não podemos prever até que ponto nosso cérebro terá capacidade para entender e absorver novas informações. Até porque uma evolução física também é necessária. Atualmente, poucos conseguem viajar longas distâncias – de Paris a Nova York, por exemplo – sem sentir o desconforto do jet lag. Mas quem sabe meu neto não poderá fazer esse trajeto no futuro em meia hora e se sentir bem?

É possível existir contracultura na internet?
Sim, com certeza, e ela pode se manifestar tanto de forma revolucionária como conservadora. Veja o que acontece na China, onde a internet é um meio pelo qual é possível se manifestar e reagir contra a censura política. Enquanto aqui as pessoas gastam horas batendo papo, na China é a única forma de se manter contato com o restante do mundo.

Em um determinado trecho de ‘Não Contem Com o Fim do Livro’, o senhor e Jean-Claude Carrière discutem a função e preservação da memória – que, como se fosse um músculo, precisa ser exercitada para não atrofiar.
De fato, é importantíssimo esse tipo de exercício, pois estamos perdendo a memória histórica. Minha geração sabia tudo sobre o passado. Eu posso detalhar sobre o que se passava na Itália 20 anos antes do meu nascimento. Se você perguntar hoje para um aluno, ele certamente não saberá nada sobre como era o país duas décadas antes de seu nascimento, pois basta dar um clique no computador para obter essa informação. Lembro que, na escola, eu era obrigado a decorar dez versos por dia. Naquele tempo, eu achava uma inutilidade, mas hoje reconheço sua importância. A cultura alfabética cedeu espaço para as fontes visuais, para os computadores que exigem leitura em alta velocidade. Assim, ao mesmo tempo que aprimora uma habilidade, a evolução põe em risco outra, como a memória. Lembro-me de uma maravilhosa história de ficção científica escrita por Isaac Asimov, nos anos 1950. É sobre uma civilização do futuro em que as máquinas fazem tudo, inclusive as mais simples contas de multiplicar. De repente, o mundo entra em guerra, acontece um tremendo blecaute e nenhuma máquina funciona mais. Instala-se o caos até que se descobre um homem do Tennessee que ainda sabe fazer contas de cabeça. Mas, em vez de representar uma salvação, ele se torna uma arma poderosa e é disputado por todos os governos – até ser capturado pelo Pentágono por causa do perigo que representa (risos). Não é maravilhoso?

No livro, o senhor e Carrière comentam sobre como a falta de leitura de alguns líderes influenciou suas errôneas decisões.
Sim, escrevi muito sobre informação cultural, algo que vem marcando a atual cultura americana que parece questionar a validade de se conhecer o passado. Veja um exemplo: se você ler a história sobre as guerras da Rússia contra o Afeganistão no século 19, vai descobrir que já era difícil combater uma civilização que conhece todos os segredos de se esconder nas montanhas. Bem, o presidente George Bush, o pai, provavelmente não leu nenhuma obra dessa natureza antes de iniciar a guerra nos anos 1990. Da mesma forma que Hitler devia desconhecer os relatos de Napoleão sobre a impossibilidade de se viajar para Moscou por terra, vindo da Europa Ocidental, antes da chegada do inverno. Por outro lado, o também presidente americano Roosevelt, durante a 2.ª Guerra, encomendou um detalhado estudo sobre o comportamento dos japoneses para Ruth Benedict, que escreveu um brilhante livro de antropologia cultural, O Crisântemo e a Espada. De uma certa forma, esse livro ajudou os americanos a evitar erros imperdoáveis de conduta com os japoneses, antes e depois da guerra. Conhecer o passado é importante para traçar o futuro.

Diversos historiadores apontam os ataques terroristas contra os americanos em 11 de setembro de 2001 como definidores de um novo curso para a humanidade. O senhor pensa da mesma forma?
Foi algo realmente modificador. Na primeira guerra americana contra o Iraque, sob o governo de Bush pai, havia um confronto direto: a imprensa estava lá e presenciava os combates, as perdas humanas, as conquistas de território. Depois, em setembro de 2001, se percebeu que a guerra perdera a essência de confronto humano direto – o inimigo transformara-se no terrorismo, que podia se personificar em uma nação ou mesmo nos vizinhos do apartamento ao lado. Deixou de ser uma guerra travada por soldados e passou para as mãos dos agentes secretos. Ao mesmo tempo, a guerra globalizou-se; todos podem acompanhá-la pela televisão, pela internet. Há discussões generalizadas sobre o assunto.

Falando agora sobre sua biblioteca, é verdade que ela conta com 50 mil volumes?
Sim, de uma forma geral. Nesse apartamento em Milão, estão apenas 30 mil – o restante está no interior da Itália, onde tenho outra casa. Mas sempre me desfaço de algumas centenas, pois, como disse antes, é preciso fazer uma filtragem.

Por que o senhor impediu sua secretária de catalogá-los?
Porque a forma como você organiza seus livros depende da sua necessidade atual. Tenho um amigo que mantém os seus em ordem alfabética de autores, o que é absolutamente estúpido, pois a obra de um historiador francês vai estar em uma estante e a de outro em um lugar diferente. Eu tenho aqui literatura contemporânea separada por ordem alfabética de países. Já a não contemporânea está dividida por séculos e pelo tipo de arte. Mas, às vezes, um determinado livro pode tanto ser considerado por mim como filosófico ou de estética da arte; depende do motivo da minha pesquisa. Assim, reorganizo minha biblioteca segundo meus critérios e somente eu, e não uma secretária, pode fazer isso. Claro que, com um acervo desse tamanho, não é fácil saber onde está cada livro. Meu método facilita, eu tenho boa memória, mas, se algum idiota da família retira alguma obra de um lugar e a coloca em outro, esse livro está perdido para sempre. É melhor comprar outro exemplar (risos).

Um estudioso que também é seu amigo, Marshall Blonsky, escreveu certa vez que existe de um lado Umberto, o famoso romancista, e de outro Eco, professor de semiótica.
E ambos sou eu (risos). Quando escrevo romances, procuro não pensar em minhas pesquisas acadêmicas – por isso, tiro férias. Mesmo assim, leitores e críticos traçam diversas conexões, o que não discuto. Lembro de que, quando escrevia O Pêndulo de Foucault, fiz diversas pesquisas sobre ciência oculta até que, em um determinado momento, elas atingiram tal envergadura que temi uma teorização exagerada no romance. Então, transformei todo o material em um curso sobre ciência oculta, o que foi muito bem-feito.

Por falar em ‘O Pêndulo de Foucault’, comenta-se que o senhor antecipou em muito tempo O Código de Da Vinci, de Dan Brown.
Quem leu meu livro sabe que é verdade. Mas, enquanto são os meus personagens que levam a sério esse ocultismo barato, Dan Brown é quem leva isso a sério e tenta convencer os leitores de que realmente é um assunto a ser considerado. Ou seja, fez uma bela maquiagem. Fomos apresentados neste ano em uma première do Teatro Scala e ele assim se apresentou: “O senhor não me admira, mas eu gosto de seus livros.” Respondi: Não é que eu não goste de você – afinal, eu criei você (risos).

Em seu mais conhecido romance, O Nome da Rosa, há um momento em que se discute se Jesus chegou a sorrir. É possível pensar em senso de humor quando se trata de Deus?
De acordo com Baudelaire, é o Diabo quem tem mais senso de humor (risos). E, se Deus realmente é bem-humorado, é possível entender por que certos homens poderosos agem de determinada maneira. E se ainda a vida é como uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, como Shakespeare apregoa em Macbeth, é preciso ainda mais senso de humor para entender a trajetória da humanidade.

Como foi a exposição no Museu do Louvre, em Paris, da qual o senhor foi curador, no ano passado?
Há quatro anos, o museu reserva um mês para um convidado (Toni Morrison foi escolhida certa vez) organizar o que bem entender. Então, me convidaram e eu respondi que queria fazer algo sobre listas. “Por quê?”, perguntaram. Ora, sempre usei muitas listas em meus romances – até pensei em escrever um ensaio sobre esse hábito. Bem, quando se fala em listas na cultura, normalmente se pensa em literatura. Mas, como se trata de um museu, decidi elaborar uma lista visual e musical, essa sugerida pela direção do Louvre. Assim, tive o privilégio (que não foi oferecido a Dan Brown) de visitar o museu vazio, às terças-feiras, quando está fechado. E pude tocar a bunda da Vênus de Milo (risos) e admirar a Mona Lisa a apenas 20 centímetros de distância.

O senhor esteve duas vezes no Brasil, em 1966 e 1979. Que recordações guarda dessas visitas?
Muitas. A primeira, em São Paulo, onde dei algumas aulas na Faculdade de Arquitetura (da USP), que originaram o livro A Estrutura Ausente. Já na segunda fui acompanhado da família e viajamos de Manaus a Curitiba. Foi maravilhoso. Lembro-me de meu editor na época pedindo para eu ficar para o carnaval e assistir ao desfile das escolas de samba de camarote, o que não pude atender. E também me recordo de imagens fortes, como a da moça que cai em transe em um terreiro (para o qual fui levado por Mario Schenberg) e que reproduzo em O Pêndulo de Foucault.

Ubiratan Brasil, para o Caderno 2 do Estadão.
Extraído de DigitalManuscripts

13 de abril de 2010

Bibliotecas escolares passarão a ser obrigatórias!

Dentro de no máximo 10 anos, deverá haver uma biblioteca escolar em cada instituição de ensino do país, pública ou privada. A obrigatoriedade está prevista no Projeto de Lei da Câmara (PLC) 324/09, cujo relator foi o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que foi aprovado em decisão terminativa, nesta terça-feira (13), pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

Segundo o projeto, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura.

No que diz respeito ao acervo de livros, deverá haver pelo menos um título para cada aluno matriculado. E os sistemas de ensino, ainda de acordo com a proposta, promoverão "esforços progressivos" para alcançar a universalização das bibliotecas escolares.

- Este projeto só tem dois defeitos: demorou tantas décadas para ser aprovado e estabelece um prazo longo para sua execução. Os sistemas de ensino poderiam reduzir de 10 para cinco anos o prazo de instalação das bibliotecas - sugeriu Cristovam, ao apresentar seu voto favorável à proposta.

Em seu texto, o relator lembrou que o Brasil tem uma biblioteca pública para cada 33 mil habitantes, enquanto a vizinha Argentina tem uma biblioteca para cada 17 mil habitantes. O senador citou ainda pesquisa promovida pelo Ibope, segundo a qual o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano - cifra que cai para 1,3 quando se excluem os livros didáticos. Nos Estados Unidos e na França, a média é de 10 livros por ano.

Entre os motivos para o baixo índice de leitura no Brasil, Cristovam mencionou a existência de 10% de adultos analfabetos e o elevado custo dos livros. Citou ainda dados do Ministério da Educação, segundo os quais 68% das escolas públicas do país não dispõem de biblioteca.

- A verdade é que as classes educadas do Brasil já estão chegando à época digital, com os e-books, enquanto as camadas sem acesso à educação ainda não entraram no tempo de Gutenberg, quase 600 anos depois que ele inventou a imprensa - comparou.

Ao apoiar o projeto, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) elogiou iniciativas da própria sociedade no sentido de estimular a leitura, como a implantação de bibliotecas informais em pontos de ônibus e até mesmo em um açougue, como ocorre em Brasília (DF). Por sua vez, o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) elogiou a realização da Feira do Livro de Porto Alegre, que recebe cerca de 700 mil visitantes a cada ano, e pediu que as novas bibliotecas escolares também ofereçam acesso à comunidade - e não apenas aos alunos.

Dezenas de bibliotecárias e de estudantes de Biblioteconomia que acompanharam a reunião aplaudiram a aprovação do projeto. Na opinião da diretora da Biblioteca Central da Universidade de Brasília, Sely Costa, que compareceu à reunião, este pode ser considerado um grande passo em direção à maior difusão da leitura e do conhecimento.

- É uma vitória enorme para um país como o nosso. Seremos um dos poucos países em desenvolvimento a contar com uma lei que torna obrigatória a existência de bibliotecas nas escolas - afirmou Sely, que defendeu ainda a oferta de cursos a distância para tornar possível a formação de um maior número de bibliotecários em todo o país.
Marcos Magalhães.
Ter, 13 de Abril de 2010 .

12 de março de 2010

Profissional da informação!

No dia 12 de março comemora-se o Dia do Bibliotecário.
O bibliotecário é o profissional responsável não só por preservar a informação, como também por fornecê-la e disseminá-la. Tem a responsabilidade de garantir acesso rápido e seguro a essas informações, em qualquer formato ou mídia, além disto, faz a mediação entre o usuário e a informação.
O bibliotecário é um agente cultural com função pedagógica. A criação da Biblioteconomia está ligada à história do livro, ao desenvolvimento das técnicas internacionais de reprodução de conhecimento e à divulgação da informação.
No Brasil, temos 39 escolas de formação acadêmica que formam bacharéis em Biblioteconomia. Estes desenvolvem atividades de organização, tratamento, análise e recuperação de informações em diversos níveis e suportes físicos (impressos, eletrônicos etc), por meios manuais e automatizados, com vistas ao atendimento das necessidades informacionais de todos os segmentos da sociedade, aos avanços científico-tecnológicos e ao desenvolvimento social do país.
Além do trabalho em bibliotecas, universidades e órgãos governamentais, cresce a procura por seus serviços em centros de pesquisa, empresas, museus e comércio. Outras possibilidades são a prestação de assessoria e consultoria para editoras, atuando como profissionais liberais. O profissional deve ter intimidade com as novas tecnologias, que estão transformando profundamente a área.
Para atuar como bibliotecário é preciso, após a graduação, obter o registro no Conselho Regional de Biblioteconomia, cuja profissão é regulamentada por leis federais.
Osias do RosárioPresidente da ACB - Associação Catarinense de Bibliotecários

Fonte:
Diário Catarinense

8 de março de 2010

Livros para todo tipo de mulher!

O que significa o Dia Internacional da Mulher para você?
É uma data em que as mulheres do mundo merecem ser cortejadas e celebradas? É um momento para reflexão sobre a evolução do papel da mulher na sociedade? É a hora de mostrar as injustiças do mundo com aquelas que são mães, trabalhadoras e esposas, tudo ao mesmo tempo agora?
Pode ser isso tudo. Pode ser também a hora de tentar entender o universo feminino, faça você parte dele ou não. E como a palavra universo já mostra, o espectro é complexo e amplo. Por isso, achamos que a melhor colaboração que poderíamos dar no dia de hoje seria mostrar o universo feminino em livros. O que as mulheres que estão escrevendo nos dias de hoje têm a dizer, quem são as autoras que tocam o coração do público feminino, mesmo que de formas bem diferentes.

Como sempre falamos quando fazemos listas por aqui, vale lembrar que toda seleção é arbitrária e não definitiva (por isso mesmo, fizemos questão de colocar em ordem alfabética, e não de preferência, afinal, são autoras tão diferentes que não seria o caso de fazer comparação). Assim, o espaço dos comentários está aberto para você complementar com as autoras que te fizeram falta. E, para completar a leitura, faça o quiz para descobrir com que escritora você se identifica, entre cinco que têm personalidade forte e são inesquecíveis.

Adriana Falcão
Verdadeira mulher polivalente, Adriana escreve literatura infantil, romances, peças de teatro, contos e roteiros para a TV e o cinema. Mas em tudo nota-se um olho atento para a questão feminina. Em A máquina, por exemplo, ela mostra uma mulher dividida entre ficar com seu amor ou ir para a cidade – uma alegoria para as mulheres de hoje, sempre divididas entre carreira e vida pessoal? Já em A comédia dos anos, o foco vai para a amizade entre mãe e filha, de uma forma inesperada e criativa.

Claudia Tajes
A autora gaúcha se especializou em contar as aventuras sexuais e amorosas de mulheres de todo tipo de maneira divertida. Claudia faz isso bem porque não isola suas personagens: sempre procura mostrar – e entender, se é que isso é possível – o ponto de vista do homem. Seu Dores, amores e assemelhados, por exemplo mostra a história de amor de um casal pelos pontos de vista dos dois: cada capítulo tem um narrador. O resultado é diversão na certa.

Fernanda Young
Dispensa apresentações. Seus livros fazem sucesso por trazer histórias de mulheres descoladas, sem papas na língua e dispostas ao tudo ou nada para viver um grande amor. Este é o caso de seu livro mais recente, O pau, em que conta a história de vingança amorosa e reflete sobre a “ditadura do falo”. Apresentadora de TV, roteirista e recente coelhinha da Playboy, Fernanda não veio ao mundo para passar despecebida. Seus fãs agradecem.

Elizabeth Gilbert
Elizabeth Gilbert fez de seu Comer, rezar e amar um dos maiores fenômenos editoriais recentes. O livro já vendeu mais de 5 milhões de exemplares no mundo e é figurinha fácil na lista de mais vendidos do Brasil. O próximo livro da autora, Comprometida, parece ter potencial para seguir a trilha de sucesso, vai tratar desta instituição tão desejada quanto complicada: o casamento. Enquanto isso, seus livros anteriores seguem inéditos no Brasil.

Inês Pedrosa
A autora portuguesa esbanja sensibilidade em suas obras. Ficcionista de mão cheia, conta histórias de amores complicados e de sentimentos perdidos. Em Nas tuas mãos, por exemplo, trata do amor ao longo das décadas no olhar de três mulheres: a avó (e seu diário), a mãe (e seu álbum de retratos) e a filha (e suas cartas). Outra obra, Faz-me falta, traz o sentimento de desamparo diante da morte da pessoa amada.

Lya Luft
Ela diz que sua verdadeira profissão é a tradução. Imagina se se considerasse escritora… Lya é a voz madura da literatura feminina brasileira. Mas seus livros e crônicas encontram eco no gosto das mulheres de todas as idades. Em O rio do meio, traz muitas reflexões sobre as relações humanas. Já Perdas e ganhos, um dos mais recentes, faz um balanço de sua vida e mostra por que, apesar dos problemas de sua trajetória, continua sendo uma otimista.

Maitê Proença
Falar de Maitê Proença é lembrar de um rosto bonito, uma atriz competente e… uma escritora que soube se fazer respeitar, fosse pelos livros ou pelas peças de teatro. Dona de uma história de vida impressionante, Maitê tem ganhado fãs com suas crônicas escritas para revistas. O primeiro livro, Entre os ossos e a escrita, reúne algumas delas. O segundo, Uma vida inventada, abre sem amarras seu passado traumático, em que viu o pai assassinar a mãe.

Maitena
Neuróticas, inseguras, estressadas, irritantes, arrogantes. Depende como você encara as personagens da argentina Maitena em sua série de cartuns Mulheres alteradas. Pode ser tanto uma condenação como um reconhecimento humilde da condição feminina no mundo pós-feminista. São mulheres emparedadas entre o ideal da mulher liberada e a vulnerabilidade do modelo romântico.

Mary Del Priore
Uma historiadora com H maiúsculo, que trata de temas obscuros do país desde a chegada dos portugueses. Mas, também, uma mulher interessada no que significa ser mulher. Entre suas obras de corte mais “clássico”, mary del Priore encaixa outras, de interesse inegavelmente feminino, como História das mulheres no Brasil, História do amor no Brasil e Matar para não morrer, que narra o sangrento triângulo amoroso entre Dona Saninha, Dilermando e o escritor Euclides da Cunha.

Martha Medeiros
Quem vê Martha Medeiros na TV, em inúmeras colunas na imprensa, no teatro e no cinema, não imagina que a hoje cronista já militou como poeta. Uma mostra dessa Martha pode ser conferida na coletânea Poesia reunida, enquanto a Martha mostra seu olho afiado para o feminino em livros como Doidas e santas e Divã, seu maior sucesso, adaptado para o teatro e o cinema.

7 de janeiro de 2010

Redes sociais e leitores digitais de livros conquistam consumidores

A computação em nuvem e os leitores de livros eletrônicos chegaram ao topo do gráfico de expectativas Hype Cycle of Emerging Technologies, que a consultoria Gartner divulga a cada ano indicando as tecnologias que ganham espaço.O Kindle, e-reader da Amazon, passou a ser vendido em diversos países além dos Estados Unidos, o Brasil está incluído na lista. Segundo a empresa, o produto teve recorde de vendas e foi o presente mais desejado pelos consumidores do site neste fim de ano.
Neste mês, a Justiça brasileira determinou que qualquer leitor eletrônico conte com imunidade tributária que recai sobre a importação de livros e revistas. Isso irá reduzir o preço do e-reader no país, o que deve impulsionar as vendas.Mundo social.
O Twitter consolidou sua popularidade em 2009, chegando a 18 milhões de usuários, segundo a eMarketer. Um dos motivos desse crescimento, apontam especialistas, é o aumento na venda de smartphones com acesso à internet.
O Facebook triplicou de tamanho e chegou a 350 milhões de usuários. O Orkut ganhou reformulação em sua interface."Em termos de ferramenta de comunicação, foi o ano da explosão do Twitter. A gente começou a ver os meios de comunicação em massa adotando o microblog, que se consolidou como mais uma maneira de se comunicar pela internet", afirma Fábio Boucinhas, gerente do Yahoo! Brasil, que lançou produtos como o Meme e começou a incluir updates em seus principais serviços.
SegurançaSe por um lado 2009 marcou a expansão das redes sociais entre os usuários de internet, por outro fez com que essa mesma expansão se tornasse perigosa. "Percebemos um aumento grande nas ameaças de segurança. Alguns ataques usaram as informações que as pessoas publicam nesses sites para roubar identidades e conseguir benefícios", afirma José Matias, gerente de suporte técnico da McAfee. Sites encurtadores de URL, que se popularizaram, também passaram a ser usados para esconder ameaças.
Para evitar esse tipo de problema em 2010, Mariano Sumrell, diretor de marketing da Winco, que representa a AVG, aconselha: "Tenha um bom antivírus atualizado, fique de olho nas atualizações dos pacotes de segurança do sistema operacional, do navegador e dos programas. E não acredite em todas as informações que você recebe na internet". (DA).

Fonte: Folha Online