5 de junho de 2009

Conheça o Analista de mídias sociais, um dos cargos que surgiu recentemente, com o boom das redes sociais.

Twitter, Facebook, YouTube, blogs e, claro, orkut. Em um país viciado em redes sociais, ter um trabalho que começa com uma boa olhada em todas elas pode parecer bastante promissor: só no Brasil, segundo dados do Comitê Gestor de Internet, somos cerca de 50 milhões de usuários dessas ferramentas. São espaços nos quais as pessoas buscam se agrupar por interesse e segmentam cada vez mais suas escolhas – o que, para as empresas, os torna ideais para atingir consumidores. E é aí que entra o cargo de Analista de Mídias Sociais. Em parceria com uma equipe de marketing, dentro de uma empresa ou agência, ele é a pessoa responsável por aproveitar ao máximo o potencial dessas redes.

“Essa é uma função nova, que começou há no máximo três anos”, diz Sergio Sgobbi, diretor de capacitação da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação.“Tem uma grande oferta e há escassez de profissionais e, justamente por ser uma função recente, eleva o nível da remuneração”, acredita. Grande parte dos profissionais que já atua na área é formada em comunicação, mas, como o principal requisito é entender o universo das mídias sociais, qualquer um que tenha interesse na área, em tese, pode se capacitar para a função “A primeira tarefa do analista é ver se o que a empresa pensa de si é coerente com o que estão falando dela nesses canais”, explica Edney Souza, sócio da Pólvora!, agência de comunicação especializada nesse tipo de mídia. “Depois de coletar informações, ele vai perceber qual a relevância da empresa em cada um desses espaços e decidir qual o melhor nicho para o cliente”, completa. Ou seja, o Analista de Mídias sociais não tenta colocar a marca em todos os espaços possíveis e imagináveis, mas avalia, dentro da proposta passada pelo cliente, qual é a melhor forma de aproximação com aquela comunidade.

No caso da marca de cosméticos Lancôme, o foco foram os blogs especializados e comunidades do orkut. Utilizados pontualmente em algumas campanhas, eles atraíram mais visitantes para o site da empresa por meio de promoções e conteúdo exclusivo. “Esses são espaços que possuem um público altamente fidelizado onde conseguimos inserir a marca exatamente onde as pessoas estão falando dela”, explica Fernando Arrais, da agência Media Contacts, responsável pela campanha. Para o lançamento do perfume Magnifique foram selecionados blogs nos quais houve algum comentário a respeito da Lâncome nos últimos 12 meses. A empresa gostou tanto da campanha que repetiu a dose em um segundo lançamento, de máscara para cílios, investindo em um evento para blogueiras. “Após a ação, em um dia, a pré venda daquele produto sozinha bateu todos os recorde de venda de produtos pelo site da Lâncome no Brasil”, diz Marcia Gonçalves, gerente de Negócios Digitais da empresa.

Os bons resultados fazem com que, cada vez mais, as empresas prestem atenção às comunidades online. Na agência Mídia Contacts, por exemplo, em menos de um ano cresceu em 135% a demanda por serviços envolvendo mídias sociais.

O dia-a-dia

A taxa de retorno dos usuários às comunidades é muito grande se comparada a outros sites. De acordo com Arrais, uma pessoa comum acessa cerca de oito vezes por dia o orkut ou 25 vezes o twitter, por exemplo, o que faz com que o Analista tenha que ficar sempre de olho para agir o mais rápido possível. Felipe Braga, contratado este ano pela administradora de saúde Divicom, sabe bem disso. “Todos os dias tenho que entrar e ver se o site está no ar, conferir todos os comentários, responder em alguns casos dando informações e nunca censurar as críticas”, explica.

Sua função é identificar nichos, criar e acompanhar as novas ferramentas e, depois, ajudar os diferentes departamentos da empresa a manterem o conteúdo. Atualmente, ele gerencia um blog, um wiki e um canal no YouTube e, graças ao monitoramento de interesse dos internautas, conseguiu atingir bons resultados. Em janeiro, após uma pesquisa utilizando o Google trends, Braga percebeu que na época do Carnaval havia um aumento da procura por viagens para idosos, e recomendou que fosse feito um post sobre o assunto. “Dobramos os acessos diários e duas semanas antes do feriado éramos o 1º do Google se alguém digitasse uma combinação simples de palavras como idosos, viagem e carnaval’”, diz. O sucesso levou a parcerias com empresas de turismo interessadas na visibilidade do blog da empresa.

A inteligência em SEO e o domínio de ferramentas de monitoramento são só algumas das características procuradas na hora de designar alguém para o cargo. Pessoas dinâmicas, familiarizadas com o ambiente das mídias sociais, usuárias, e que tenham conhecimento mínimo de programação costumam se dar melhor. “Buscamos pessoas com tato e presença em redes sociais, que tenham blog, twitter, orkut, LinkedIn, e capacidade de produção de conteúdo: texto, áudio, vídeo, foto.”, diz Edney, da Pólvora!. E completa: “Falta no mercado gente para fazer isso. Quem tem preparo acadêmico não tem maturidade em mídias sociais, acham que é besteira.”

Cargo: Analista de Mídias Digitais
Salário: Entre 1,2 mil e 4 mil reais, dependendo da experiência
Locais: agências de publicidade e empresas

http://info.abril.com.br/professional/carreira/no-rastro-das-midias-sociais.shtml?4

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